Por Wellington Romanhol [1]
Em momento de crise mundial e com o crescente número de empresas entrando em recuperação judicial. Quais são as saídas para se recuperar uma empresa?
Todo ser vivo está sujeito à Lei natural do ciclo de vida, e nesse caso as empresas não ficam de fora. Essa lei diz que todo ser vivo: nasce, cresce, se estabiliza, declina e morre.
Quando uma empresa inicia suas atividades, ela começa num ponto abaixo do ponto de equilíbrio (A), nesta fase o faturamento não é suficiente para cobrir os custos fixos e por isso elas precisam de investimento até que alcancem o ponto de equilíbrio (B); a partir daí ela começa a ter lucro até que alcance seu clímax (C), e continua obtendo lucro até que seu faturamento decline ao ponto que ela não consiga mais pagar os custos fixos, neste momento (D), ela começa a consumir o patrimônio que gerou durante o período de geração de lucro, salvo se der início a um novo ciclo de vida (E), no qual as estratégias são renovadas e parte dos lucros obtidos na operação são reinvestidos na empresa.
Esse então é o grande desafio dos gestores, saber qual é o momento certo para se dedicar com mais afinco à empresa, reduzindo a distribuição de lucros e reinvestindo parte dos mesmos na renovação da empresa.
Legenda:
- Início das atividades da empresa.
- A empresa alcança o ponto de equilíbrio.
- Clímax do potencial de faturamento.
- Declínio para baixo do ponto de equilíbrio.
- Momento Ideal para renovar o ciclo de vida da empresa
- Clímax do segundo ciclo de vida.
- Declínio do segundo ciclo.
Infelizmente muitos não percebem o momento certo para dar início ao novo ciclo de vida da empresa, fazendo com que a mesma comece a operar no vermelho e destruir o valor que construiu durante seus anos de vida. E para entender melhor esse momento, segue abaixo um quadro resumo das principais causas do declínio das empresas:
CAUSAS INTERNAS
Controle financeiro inadequado | Não consegue identificar onde estão perdendo dinheiro. |
Fraca gestão do capital de giro | Falta dinheiro para saldar pontualmente os compromissos. |
Custos elevados | Custos maiores do que os da concorrência. |
Esforço de marketing insuficiente | % do faturamento investido abaixo da necessidade de mercado. |
Exagerado nível de comercialização | Crescimento das vendas sem que haja capacidade financeira e operacional para atender os novos clientes. |
Novos projetos | Financiar novos projetos utilizando recursos essenciais da empresa atual, desconsiderando as possibilidades de insucesso do novo negócio. |
Aquisições | Erro na escolha e incompetência na gestão pós-aquisição. |
Política financeira | Alto índice de endividamento, excesso de conservadorismo e uso de fontes de financiamento inadequadas. |
Inércia ou confusão organizacional | Incapacidade de tomar e implementar decisões. |
CAUSAS EXTERNAS
Mudanças na demanda | Não prever a mudança do mercado no tempo adequado. |
Concorrência | Fortalecimento dos concorrentes atuais e ingresso de novos concorrentes no mercado. |
Variações adversas nos preços dos insumos básicos (commodities) | Variação cambial e outros fatores econômicos. |
A solução para estancar a crise, dependendo do grau da mesma, pode ser obtida por meio de uma ou mais destas opções:
1. Investir na qualificação e até o reforço do time gerencial com a contratação de profissionais experientes para assumir posições estratégicas e com habilidade para enfrentar momentos de crise;
2. Contratação de empresas especializadas em diagnosticar e desenhar soluções para ajudar a empresa sair da crise. Importante nesta opção é o momento em que a empresa solicita a ajuda externa; muitas vezes quando se contrata uma consultoria já é tarde demais, por isso não é raro ouvir de muitos empresários que “contrataram uma consultoria e não resolveu nada”, quando na verdade o insucesso de deu por erro na escolha da empresa de consultoria, pois, nem todos que se intitulam consultores o são de fato, por isso é importante conhecer a estrutura da empresa que se está contratando; ou porque quando a consultoria é contratada a empresa já esgotou todos os recursos que possuía, e não há mais com o que trabalhar;
3. Por último, se nenhuma das opções acima resolveu o problema da empresa, resta-lhe ainda uma última alternativa: a recuperação, judicial ou extrajudicial, conferida pela Lei 11.101/2005, na qual a empresa obtém do Estado o apoio necessário para se reestruturar. Algumas das principais vantagens da recuperação judicial é o congelamento da dívida, que fica suspensa pelos 180 dias seguintes ao deferimento do processamento da recuperação; o alongamento do prazo de pagamento; a redução do custo financeiro; e a possibilidade de deságio no valor das dívidas. Entretanto, para que a recuperação obtenha o sucesso esperado, é imprescindível que o PLANO DE RECUPERAÇÃO seja consistente, indique precisamente a forma de pagamento, as medidas a serem adotadas para superar a crise, dentre outros; por isso a importância de se contratar um profissional habilitado e qualificado profissionalmente para preparar o plano.
[1] Advogado, estrategista e consultor empresarial. Mestre em Administração de Empresas, graduado em Administração, Ciências Contábeis, Direito e Teologia. Desde 1999, atua com estratégias e soluções empresariais.